But, you know, it’s never too late.
Em 2001, o grupo de arte
monochrom, fundado em 1993 e baseado em Viena, foi convidado pela
curadora Zdenka Badovinac para representar a Áustria na 25ª Bienal de
São Paulo, que aconteceria no ano seguinte. Conhecidos por serem
politicamente de esquerda, os integrantes do monochrom estavam bem
descontentes com a guinada para extrema direita que a Áustria tinha
começado a dar no inverno de 2000. Mas como eles queriam participar da
Bienal, “uma das três mais importantes do mundo”, aceitaram o convite e
avisaram a curadora de que no lugar de uma obra do grupo, eles enviariam
um representante. O escolhido foi o artista do avant-garde Georg Paul
Thomann, com então 57 anos.O único problema é que Thomann não passava de um “avatar” criado pelo
monochrom. “Nós não queríamos representar diretamente a Áustria, um
miniestado europeu racista. Por isso, escolhemos o Thomann. Passamos
mais de seis meses criando sua biografia em detalhes”, conta Johannes
Grenzfurthner, um dos responsáveis pela ‘art-hoax’, ou seja, uma
pegadinha artística. O projeto foi tão bem articulado, que Thomann, além
de uma biografia, ganhou monografias, artigos, um manifesto, enfim,
tudo que fosse preciso para autenticar sua existência. E o que,
inicialmente, era uma manifestação contra o governo de direita
austríaco, no final virou uma das estripulias mais notáveis no mundo da
arte contemporânea.